domingo, 31 de janeiro de 2010

DIÁRIO DE VIAGEM













Primeiro dia

Ava estava mais excitada com a primeira viagem de avião do que com os dez dias de viagem pela frente. Eu já tinha falado pra ela que íamos viajar à noite, que não ia dar pra ver muita coisa. Mesmo assim foi muito legal. Ver a excitação nos olhos dela, o riso tentando ser contido, as mãozinhas cerradas no braço da cadeira e um gritinho quando o avião finalmente decolou me fez voltar a sentir alguma emoção em voar. Chegamos a Santo André na mesma hora que saímos de BH por conta do horário de verão, que a Bahia não adotou. Pensei logo no teletransporte. Beam me up.

Acordamos bem tarde e fomos pra praia. Aqui as ruas são de terra e areia, tudo plano. Bom pra exercitar as pernas. Uma prancha de bodyboarding debaixo do braço e uma sacola digna de um feirante no outro. Bóias, protetor, livros, água, biscoitos, carteira e brinquedos.

- A areia tá muito quente, papai

- Não dá pra te carregar, Ava, olha só (mostrei as tralhas). Anda nesse pedacinho de sombra.

- A areia tá entrando nos meus dedos.

- É assim mesmo, gatinha, praia é assim

No mar

- A água dói meu olho

- É assim mesmo, você se acostuma.

- A areia entrou no meu bumbum

- É assim mesmo, querida, é só tirar na água

No almoço

- Tem muita mosca aqui

- É assim mesmo. Quando incomodar, você as espanta.

- Quero nuggets.

- Não tem nuggets aqui, vamos comer o que tem.

- QUERO A MAMÂE

Depois de mais uma voltinha pela cidade fomos dormir. Fiquei tão tenso que pensei que estava cometendo um erro enorme de tê-la trazido pra cá. Afinal eram minhas férias também. Eu queria e precisava descansar. Mas sabia que ia melhorar. Acordei no dia seguinte com um baita dor no ombro. Dessa vez a prancha fica.

Segundo dia

Acordamos tarde de novo e fomos direto ao lugar que aluga bicicletas. Escolhemos uma com uma cadeirinha de criança acoplada à garupa. Ótima invenção baiana. Foi muito legal, andamos por várias praias, ela aprendeu a furar ondas, a pegar jacaré. Visitamos lugares lindos, ficamos à sombra de uma castanheira. Quando vi, Ava já estava lá em cima. Era o que precisávamos. Pensei feliz. Pra quem ficava em casa escalando os batentes das portas, estar aqui deve ser um upgrade. No fim da tarde ficamos sabendo que havia uma aula de capoira pra crianças. Chegamos em cima da hora. Ela, que faz capoeira na escola não fez feio não. E ainda aprendeu alguns movimentos novos. Dormimos felizes e eu achando finalmente que tinha feito a coisa certa.

Terceiro dia

Como locutor eu posso trabalhar onde estiver. Estava atendendo a telefonemas normalmente, gravando e mandando o material pela internet, num cybercafé ao lado. Ficamos lá toda a manhã. Tomamos café e eu trabalhei enquanto Ava ficou brincando com meu iphone. Aliás como convencer uma criança de que um telefone que é feito pra crianças operarem não é brinquedo? O meu não vai durar muito. Mas, lá pela hora de ir embora Ava foi fazer xixi e soltou do banheiro um grito de horror. Saí correndo e encontrei-a na porta do banheiro apontando lá pra dentro como se tivesse visto o fantasma do Bob Esponja. Foi pior. Um baita calango estava dentro do vaso sanitário. Salvamos o bichinho e disse pra pequena que ela teve sorte. Calangos são medrosos e inofensivos. Mas cá pra nós, se tivesse acontecido comigo eu ia passar um vexamão. Eu grito alto pacas e não ia ser nada bom para minha fama de mau.

O dia correu bem até a hora que, à noite, fomos conversar com a mãe dela via skype. Depois do papo ela ficou triste e foi dormir chorando de saudade. Ai ai. Mas depois eu vi que errei no timing. Ela estava tão cansada que apagou 1segundo depois de deitar. Da próxima eu acerto.

Quarto dia

Nesse dia eu inventei de fazer uma feijoada e ainda tinha de cantar a noite. Ava ficou com meus amigos e com Vivian, minha anfitriã, quase todo o tempo. À noite ela foi ao show, dançamos uma música juntos, ela ficou conversando com alguns convidados por um tempo e apagou em cima de almofadas. O difícil foi levá-la meio dormindo, de bicicleta, pra casa. Fomos cantando brilha, brilha estrelinha pra ela não apagar no caminho.

Quinto dia

Acordamos cedo e fomos pro parque aquático em Arrail d’Ajuda. Eu nunca havia ido a um. Foi um dia movimentadíssimo. Toboáguas, piscinas, tirolesas, escorregões e arranhões. Ava amou. É lindo ver a expressão de estupor de felicidade em seu filho. E ainda arrumou jeito de participar de uma roda de capoeiristas que se apresentaram por lá. Chegamos em casa mudos e felizes, tomamos banho, nos beijamos, apagamos.

Sexto dia

Fomos nós e um casal de amigos a cidadezinhas aqui perto, Belmonte e Guaiú. Ava estava insuportável. Chorava por qualquer coisinha à toa, não queria comer nem pastel de queijo. Pela primeira vez na viagem recorri à mais rudimentar forma de psicologia infantil. Um beliscão bem dado. Fiquei um pouco arrependido à princípio, principalmente quando ela disse que tava demorando a deixar de doer, mas ela ficou um doce daí em diante, cheia de sorrisos, beijos e apetite. Parecia que ela estava me implorando por um corretivo.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

FÉRIAS!!!





















Finalmente viajamos. Eu e a pequena estamos em Santo André, povoado pertencente a Cabrália, perto de Porto Seguro. Aqui tem uma infra boa e nada de turismo predatório. Tranquiiiiilo. Minha filha tem os dois pés na Bahia. Tanto minha mãe quanto a avó materna dela são daqui. Tá tudo lindo. Mas o primeiro dia foi assustador, um xororô constante. "A areia tá quente", "A água salgada tá ardendo meu olho", "Tem muita mosca", "Quero nuggets", "Eu quero a mamãe" e dormi tão tenso que acordei com dor no ombro. A cama mole também ajudou. Mas hoje, terceiro dia ela tá amando tudo. Nada mais a incomoda, tá gastando as energias furando ondas e escalando castanheiras. Aqui tem aula de capoeira apoiada pelo governo. Capoeira na Bahia é como MBA em Harvard. Bom, depois conto mais. Beijos a todos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

DE DIARREIA A INSOLAÇÃO, SAIBA PREVENIR DOENÇAS DE VERÃO EM CRIANÇAS

DEU NA FOLHA - EQUILÍBRIO
Ótima matéria de RACHEL BOTELHO E GABRIELA CUPANI

FÉRIAS?













Nunca pensei, quando era criança, que minhas férias fossem um motivo de preocupação para meus pais. E com certeza eram, como as da minha petita são pra mim, hoje. Quero que ela realmente descanse do cotidiano, se divirta, faça coisas diferentes. O difícil é conseguir que isso aconteça misturado ao nosso trabalho, afazeres e preocupações várias, que não tiram férias. Nesses dois meses viajaremos apenas 10 dias, pra praia. O resto do tempo ela gasta brincando em casa com coleguinhas (montei uma barraca de camping e uma piscina inflável no quintal), cinema, casas de parentes, parquinhos, joguinhos de internet e muita televisão e DVD com pipoca. Ou seja, nada tão diferente assim, exceto pela constância das atividades e pela praia. Achei que estava tudo bem, mas depois de pegar minha filha no alto da porta da cozinha, escalando os batentes, procuro urgente uma oficina de circo ou de alpinismo. Alguém sabe de alguma em BH? Acho que o divertimento nessa idade (5 anos) tem que ser bastante físico. É energia que não acaba mais. Já a minha...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

PAPAI, MAMÃE













“Papai e mamãe trocam olhares apaixonados enquanto seus filhos brincam, se divertem e depois de muita bagunça finalmente dormem. Depois de cobri-los com lençóis e beijos de boa noite, papai e mamãe se olham mais calorosamente, se beijam e após um brinde com um bom Chianti, adentram seu ninho de amor. Fade in.”

Essa cena só não estaria no roteiro de um filme dos anos 60 estrelado por Cary Grant e Doris Day porque papai e mamãe não são casados e as crianças são filhos ou de um ou de outro. Mas nem por isso é menos romântica. Pelo contrário, porque eles não moram juntos, são namorados. Vivem essa fantasia de família no final de semana.

Homens e mulheres separados e com filhos (normalmente de idade parecida) têm muito em comum no que se refere ao cotidiano, cuidados, preocupações com os filhotes, fazendo com que suas vidas se tornem parecidas. E isso pode não ser nada realmente importante numa relação a dois, mas aproxima bastante. Há trocas várias. E tem essa situação da cena acima que é no mínimo confortável. Você, ela e as crianças felizes, tudo ao mesmo tempo, debaixo do mesmo teto.

Já vi e vivi situações assim, e achei muito bacana. Volto a dizer, isso não é nada que pese realmente numa relação, mas é muito gostoso. Sem contar que mulheres com filhos já realizaram seu desejo e não vão ficar querendo outro tão cedo.

Antes que alguma mulher sem filho ache que estou sendo preconceituoso ou ache que estou recomendando que o pai solteiro deva namorar uma mãe solteira, conheço homens que, também na tentativa de buscar uma identificação com a namorada, procuram as que têm a idade de sua filha. O amor é o que importa. Desde que a moça seja maior de idade, né?

Veja 10 dicas de como sobreviver ao seu ex, neste Verão - Matéria de Flávia Azevedo para o correio 24h

O ideal é que a relação seja saudável. Nesse caso, parabéns ao ex-casal! Mas, pode não ser. E aí, vamos combinar um negócio? Neste Verão, q...